Quais são as principais doenças psicossociais ocupacionais?
Hoje em dia, muito tem-se falado sobre doenças psicossociais ocupacionais. Por não serem tão visíveis como as enfermidades físicas, elas podem passar despercebidas. Essa é a razão de identificá-las, para a construção de um ambiente de trabalho saudável.
Cada vez mais vemos os números de doenças relacionadas ao nosso psicológico aumentando. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), já são mais de 10% da sua população mundial com algum distúrbio psicológico. No Brasil, cinco entre dez motivos de afastamento do trabalho são por algum fator mental, como depressão e ansiedade.
Neste conteúdo, vamos abordar mais sobre o tema de doenças psicossociais. Quais são elas, sua relação com o ambiente de trabalho, quais fatores de risco e como a empresa pode evitar. Continue a leitura.
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Doenças Psicossociais
O trabalho ocupa a maior parte do nosso tempo. Por isso, o ambiente ocupacional no qual estamos inseridos afeta muito nossas relações, opiniões e, principalmente, a nossa qualidade de vida e saúde.
As condições e o local de trabalho mexem com nossa saúde física e emocional. Muitas horas trabalhadas, má alimentação por falta de tempo, insegurança, ambiente altamente competitivo, por exemplo, geram estresse contínuo ao funcionário.
Dessa forma, nosso organismo fica em constante alerta, desencadeando reações de ordem biológica e psicológica, que, com o passar do tempo, adoecem o trabalhador. Essas, são chamadas de doenças psicossociais ocupacionais.
Podem levar meses, ou anos, para se tornar evidentes e, assim, afetam toda a saúde e qualidade do trabalho, até que sejam percebidas e tratadas.
Segundo a OMS, apenas metade das pessoas com alguma doença psicossocial recebe o tratamento adequado. Isso é causado pela falta de informação e de conscientização nas empresas para com a saúde do trabalhador.
A Organização ainda alerta para o enorme prejuízo que essas doenças causam nas empresas. Com o trabalhador desmotivado e, muitas vezes depressivo, a produtividade dele cai, e quem sofre com isso são as corporações. Segundo o estudo, publicado na revista The Lancet Psychiatry, o mundo já perdeu mais de U$1 trilhão em produtividade por ter trabalhadores depressivos.
Isso porque, pessoas mentalmente saudáveis são mais produtivas em vários aspectos da vida. Elas conseguem lidar melhor com suas emoções, independente das adversidades. Mas, para aqueles que não são, qualquer situação pode desestabilizá-los.
No Brasil, essa já é a terceira maior causa de auxílio-doença, solicitada no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Num panorama global, os transtornos mentais afetam mais de 30% dos trabalhadores.
Fatores de risco das doenças psicossociais
Existem diversos fatores de risco para as doenças psicossociais e eles dependem de uma combinação de fatores e características individuais e corporativas.
Um fator, por exemplo, é sobre a tarefa que o trabalhador executa. Se ele não vê utilidade no que faz ou não sente que tem competência para exercer determinada função, se sentirá inútil, causando várias reações e pensamentos degradantes sobre si mesmo.
Mas, os fatores também podem estar relacionados ao trabalho, como muitas horas extras, sem folgas ou exigências excessivas. E, por fim, podem ser ligados à estrutura da empresa. Por exemplo, não reconhecimento por determinada tarefa, não ter plano de carreira, líderes autoritários, etc.
Principais doenças psicossociais
- Síndrome de burnout: Esgotamento físico e psicológico do trabalhador. Acontece quando há situações desgastantes, das quais o colaborador vive em constante estresse e tensão, tanto na vida pessoal quanto na profissional. Sintomas mais comuns são: agressividade, isolamento, baixa autoestima e dificuldade de concentração;
- Depressão: perda do prazer em atividades que gostava antes, desânimo, tristeza profunda e falta de motivação. É uma doença psicossocial que se desenvolve silenciosamente, em ambientes de estresse e situações onde o trabalhador não consegue realizar atividades que lhe é solicitada;
- Ansiedade: excessiva preocupação, mesmo sem qualquer risco. A pessoa passa a maior parte do dia com irritabilidade, fadiga, falta de concentração, além de sintomas físicos como taquicardia. Mesmo percebendo os sintomas é difícil de controlá-los;
- Transtorno do estresse pós-traumático (TEPT): o mais comum em trabalhadores de situações de risco ou perigo real. Pode acontecer após um acidente consigo mesmo ou ver/saber que um amigo se acidentou. Fica revivendo as sensações inúmeras vezes, evitando tudo o que lembre o trauma e até perder o interesse nas suas atividades.
Como evitá-las?
Há boas práticas que podem ser colocadas no dia a dia organizacional a fim de evitar que os trabalhadores desenvolvam alguma das doenças psicossociais. A primeira delas pode ser a conscientização de ter um ambiente saudável e respeitoso em todas as relações, principalmente entre patrão e empregado.
Revisar as práticas de gestão, avaliando resultados e escutando mais os colaboradores são ótimas maneiras de começar. Assim, poderá descobrir quais pontos estão críticos e como melhorá-los.
Incentive que as relações entre os trabalhadores também seja amistosa e com base em conversas e feedbacks. Dessa forma, o ambiente tende a ficar mais leve e agradável para todos que trabalham.
Por fim, se perceber algum colaborador com os sintomas descritos acima, converse e dê ferramentas para que ele procure ajuda profissional. Não recrimine suas dificuldades causadas por doenças psicossociais, e, muito menos, permita que os colegas façam isso.
Dessa forma, com um ambiente de trabalho mais amistoso e saudável, os trabalhadores conseguiram realizar suas atividades com mais produtividade. Além disso, com as informações corretas, saberão identificar sintomas das doenças psicossociais em si mesmo ou em colegas.
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